Há quem chegue de mansinho, como nuvem. A devastação é quando se vão, Como uma tempestade que molha os cantos mais escondidos de nossa alma. Estilhaçam as vidraças da nossa proteção, e partem como se nada houvera.
Eles, que quando chegam são similares a uma epifânia, uma promessa anunciada dos deuses, uma certeza de que nos amavam e compreendiam. Eles que compartilharam nossos risos, nossos sorrisos, nossas lágrimas, nossa história… Se vão como quem se fartou. Simplesmente. Sem acenos, sem “foguete, sem retrato e sem bilhete”…
A trilha sonora da despedida não é não uma melodia de ilusão, Não! Não estávamos iludidas, não!
Eles estavam lá, com seus olhares, seus cheiros, as mãos trêmulas, os membros túrgidos como parecia a verdade que traziam…
Nós, mulheres prontas pra amar, os amamos. Nos entregamos, desprezando todas as reservas de antes, pois eles haviam chegado, e arrebatado nossos corações, e de arremate todas as outras vísceras.
Usaram a sinceridade como chaves para abrir nossas resistências.
Não!
Nós não cedemos!
Nós lhes entregamos nosso tesouro escondido, porque enquanto estiveram conosco foram gentis, parceiros atenciosos e diligentes.
Vou parecer piegas, mas parecia um filme de final feliz.
Foi ingenuidade a nossa?
Pureza em excesso, entregue ao lobo mau?
Esperança?
Carência?
Não, não foi carência.
Cilada do destino? Ironia da Vida?
Quem dirá…
Se foram…
Levando parte de nós. Parte preciosa de nós; a crença de que é possível amar assim de novo.
Depois deles, jamais seremos as mesmas.
Que bom, ou que pena?