O que aconteceu com a Misericórdia?
Fez as malas junto com o mico leão dourado, a solidariedade, a ética, a compaixão, o calor humano, o vizinho, o olhar de ternura, a simplicidade, a sutileza, o respeito, e foram para o Beleléu?
Nunca mais a sentiremos?
Não faz mais parte do mundo moderno e suas parafernálias?
A convivência não é mais possível entre desiguais?
A regra agora é “eu e os meus”?
Eu e os da minha rua?
Eu e os do meu bairro, partido, time?
Os da rua de baixo, Abaixo?
Amor, aceitação, aconchego, cuidado, só se for igual a mim? Se pensarem o que eu penso, frequentarem o mesmo bar, o mesmo partido, a mesma igreja? Se forem da minha paróquia?
Alguém nos disse para amarmos o nosso semelhante. Ele não disse o nosso igual.
Eu não quero me restringir às circunstâncias atuais: kadafi, câncer do Lula, violência contra gays, quero falar de algo que está me incomodando: a falta de Misericórdia.
Não importa se não comunguem da minha idéia, da minha companhia, da minha mesa, da minha hóstia.
É um semelhante.
Deveria bastar!